21 setembro 2005

blá blá blá

Por que o mundo não é como gostaríamos que fosse?
Primeiro porque somos permanentes insatisfeitos, somos incapazes de ser felizes nas situações presentes, o que não é tão mal pois senão o mundo seria igual para sempre.
Outro motivo para o mundo parecer essa merda: "Se eu não estarei vivo para habitar o mundo quando enfim ele for como eu gosto, então não tenho porque tentar começar a mudá-lo"
Mas tem aquele lance de filhos. Acredito que se um dia eu enlouquecer de vez e resolver ter filhos, lutarei com toda a minha força para "melhorar" o mundo... blá blá blá etc...

16 Comments:

Blogger Trunkael

Ontem mesmo li uma coisa interessante sobre a realidade, algo que pode responder sua primeira pergunta.
O mundo não é do jeito que EU quero que seja por que há um numero enorme de humanos lutando para que ele seja do jeito que ELES querem. Ou seja, o ideal de mundo perfeito está em constante conflito por isso ele nunca será da maneira que TODOS querem, a não ser que todos queiram a mesma coisa, o que é bastante improvavel.

E sobre a outra questão ("Se eu não estarei vivo para habitar o mundo quando enfim ele for como eu gosto, então não tenho porque tentar começar a mudá-lo") Você próprio respondeu bastante bem. Nós tentamos melhorar o mundo para as gerações futuras, mesmo que essas não tenham nossa carga genética (defendida pela biologia). Não Creio que seja necessário termos um filho primeiro para depois pensar em melhorar o mundo. Pode ser vazio e sem sentido, mas acho que há algo no ser humano que o empurra para que ele ajude na evolução de toda a humanidade.

E sobre sua crise exitêncial, posso dizer com segurança (pois já passei por muitas delas) que o mundo não precisa mudar para que você consiga ficar satisfeito com ele. Na verdade sua visão de mundo é a visão de si mesmo, se algo aqui tem que mudar é justamente essa visão sua. Somos o reflexo do mundo que estamos vendo. Uma pequena mudança em você será uma enorme mudança no "mundo".

22/9/05 2:53 PM  
Anonymous Anônimo

Essa questão é de uma complexidade enorme. O que leva alguém a se importar com o próximo? Já repararam que todos nós somos egoístas? Só que existem níveis de egoísmo, e precisamos analisar a situação das pessoas de forma individualista para se tentar compreender como esses níveis de egoísmo se processam no ser humano.

22/9/05 4:06 PM  
Blogger Darwin

"crise existencial" soa muito luxuoso, que tal "maluquice momentânea"!?

22/9/05 11:27 PM  
Anonymous Anônimo

" Somos o reflexo do mundo que estamos vendo.Uma pequena mudança em você será uma enorme mudança no mundo!"Protágoras de Ábdera

Não será antes o mundo o nosso reflexo?De outra forma não compreendo como é que uma mudança em mim pode afectar o mundo.Se eu sou o seu reflexo, como diz Protágoras de Ábdera só ele,mundo, mudando é que eu também mudo.Pois que,assim, sou eu o seu objecto, sendo ele o sujeito que me obriga a mudar.

Como,de facto, sou eu o sujeito da acção,só eu mudando, é que o mundo como objecto a sofrer a minha acção,também muda!
Mas é só a partir de mim como sujeito da primeira acção é que o objecto mundo é operado,desencadeando-se a partir da minha acção como sujeito toda uma série de acções que acabam por também agir sobre mim sujeito,já então transformado desta vez pelo mundo.

Este tema é interessantíssimo e já provocou acesas polémicas entre os luminares da filosofia.E é engraçado porque acabamos por voltar a discutir ...

E estamos a falar de idealismo e materialismo.De existência e de essência.De Deus e do mundo. De sujeito e de objecto.

Quem detém o primado da acção? O sujeito ou objecto?

Mais uma pergunta daquelas que Darwin suscitou...!

Quanto ao resto acho que Protágoras tem toda a razão!

E a " maluquice momentãnea " de Darwin é,afinal,prova da sua sanidade mental!Que, saudavelmente, se continua a interrogar!Como preza a qualquer " razão" que, também está lá.No sítio.

23/9/05 9:59 AM  
Blogger Trunkael

Epicuro, foi justamente para evitar essa confusão que eu usei a palavra reflexo, querendo exatamente dizer que um muda o outro indepedente de quem seja o "verbo de ação". Ou seja, tanto o mundo molda a pessoa como a pessoa molda o mundo. Isso é reflexo.

23/9/05 2:20 PM  
Anonymous Anônimo

Perfeito.Protágoras.Aí está a razão legítima que justifica as chamadas de rodapé.Recentram os leitores no cerne do pensamento do autor.Querendo evitar fundadas confusões,permitiu Protágoras que se enveredasse por caminhos menos seguros!Encontrada foi pois,agora, a vereda mais próxima do que,comummente, se entende como melhor.O que não resolve, no entanto, o problema da primazia da acção que produz o reflexo.

No mais estou com Protágoras de Ábdera!

23/9/05 4:40 PM  
Blogger Darwin

É claro, "porque o mundo não é como gostaríamos que fosse?" equivale a "porque não somos quem gostaríamos de ser?"

Acho que a primazia pertence ao "sujeito" que se encontra "livre", que independe do "objeto" para ser o que quer.

23/9/05 10:20 PM  
Anonymous Anônimo

Essa é a certeza partilhada por todos os idealistas, que tomam o homem como primaz na acção sobre o outro( natureza, objecto).

Mas não esqueçamos que a partir da acção primeira do homem sobre a natureza, todo um mundo de interinfluências do sujeito para o objecto e deste para aquele,se começam a cruzar indefinida e ilimitadamente.De tal modo que, por vezes, o sujeito fundador da acção, se deixa confundir com o objecto,sofredor desta.E as dúvidas dão início a uma caminhada que nos deixa sem resposta!

O que é que surgiu primeiro? O sujeito ou o objecto? Não existiria este já, quando aquele começou a PENSAR-SE como diferente?

E avança a argumentação cada vez mais capciosa pró-sujeito,

- Se o objecto existia não deu acordo de si.Se não deu acordo de si,foi porque nem sequer sabe que existe.Se não sabe que existe,é porque não existe mesmo.Logo não pode arrogar-se de primaz na acção.É que nem sequer se arroga, porque, de facto não existe.E não existe porque não pensa.Porque não consegue PENSAR-SE como diferente do outro.

Da parte do objecto,argumenta-se,

-Não tem o objecto que discutir segundo os moldes do sujeito. A argumentação usada pelo sujeito é toda ela homocentrista.São do homem sujeito as regras, as premissas, as teses,antíteses e sínteses.Não tem o objecto que se sujeitar às mesmas.

Quem nos garante que o objecto não tem um modo, seja ele qual fôr, de ser? Com vida e forma cuja estrutura de suporte nem sequer nos passa pela tão limitada cabeça nossa?

Embaraçoso é,constatarmos como pegámos em nós como sujeitos dominadores de tudo o que existe e só a partir de NÓS,muito superiormente julgámos o outro.Que desconhecemos.De todo!

Assim e porque até agora não temos tido oportunidades de, eventualmente, lhe podermos dar razão,por via, ou da nossa manifesta incapacidade de VERMOS outras coisas,ou por via da manifesta incapacidade dele(objecto) em se declarar vivo e actuante perante nós,uma realidade diferente,mantemo-nos num impasse epistemológico.Quer dizer,declaramo-nos incapazes de avançar em conhecimento para além da prosaica realidade que conhecemos.

E à falta de melhor, continuamos a ser os MAIORES, sobre toda a terra!

24/9/05 1:46 PM  
Blogger Darwin

Essa "acção" de que estamos falando, que seria?

24/9/05 2:17 PM  
Anonymous Anônimo

Quando dois sujeitos se encontram a consciência de cada um procura de imediato,movimentar-se " de si " para " o outro ", com vista a conhecê-lo e assim defender-se de quaisquer ataques ou até mesmo a dominá-lo.Trata-se desta acção de reconhecimento da sua diferença, que vai pretender que o outro a tome ou como igual,ou superior ou inferior à sua.E é partir daí que as relações se estabelecem.E é por isso que os educadores sociais se atarefam na concepção de esquemas comportamentais,por forma, a atenuar uma eventual carga de um sujeito julgado superior sobre um que, no momemto de encontro julgou inferior.

É esta a acção Darwin,que, uma vez iniciada,não mais deixará de produzir consequências. É que o outro por sua vez, também se dirige para o seu " outro " que é aquele sujeito.Entre sujeitos tidos como semelhantes a coisa está mais ou menos pacificada pelo código entre de convivência entre seres humanos.Agora quando se trata de um sujeito(ser humano) e um objecto( natureza)..! Aquele procura " conter " este,porque se acha superior,apesar de não o conhecer.E se,é este o superior que nos PENSA, nos contém de uma forma que nem sequer imaginamos?

Trata-se deste movimento de fluxo e refluxo de influências recíprocas que caracteriza quem pensa.Quem pensa prende o outro,num enquadramento muito próprio,digamos idiossincrático,que muitas vezes, nada tem a ver com o que de facto é.É um erro de percepção,extraordinariamente comum entre nós seres humanos na avaliação que sempre fazemos do que será o outro(objecto,sujeito,natureza)~É que também somos incapazes de, completamente nos abstrairmos de nós mesmos, por forma a podermos ter uma visão " limpa " do outro.Pois que estamos carregados de influências.De que,tal como a carga genética que nos assiste desde a concepção, nunca nos libertaremos.

E há a acrescentar que um sujeito ou objecto já influenciados é já um outro sujeito,um outro objecto,porventura mais rico de experiências,pese embora a sua matriz original!

Dá que pensar ...!

25/9/05 6:30 AM  
Blogger Darwin

Chego ao ponto de me perguntar: o que é real???
A nossa percepção nos engana?
Nosso DNA nos limita?
Os átomos são reais?
...Mesmo que houvesse respostas para essa perguntas, acho que não entenderíamos...

25/9/05 9:18 PM  
Anonymous Anônimo

E está o Darwin, verdadeiramente, a filosofar!

A filosofar, com vista, a encontrar o caminho próprio,que mais ninguém poderá indicar.E a pergunta surge rápida: - Caminho ?
Para quê ? Para onde ?

Essas são perguntas a que o Darwin vai ter de responder ao longo da vida que lhe for dado viver!

A vida! A interrogação permanente!
O espanto que nos move.Nos alevanta.Para continuar a perguntar! Num ciclo eternamente renovado!

Essa, a angústia de pensar!Que dói.E que temos de driblar para que nos possamos,na companhia da esperança, manter despertos para a vida.Para o sorriso que nos torna construtores de mais sorrisos.Mais vida conquistada à angústia do pensar!

26/9/05 6:04 AM  
Blogger Darwin

Sinceramente estou curioso sobre quem são vocês, nome, idade, onde vivem, o que fazem da vida, o que faz com que venham aqui. É natural... mas não vou perguntar isso não(he he)... estou cansado, e ainda é segunda-feira...

26/9/05 9:55 PM  
Anonymous Anônimo

A curiosidade mata.Foi assim que o gato da história morreu na boca do cão.

Mas nessa história eu substituiria a curiosidade pelo conhecimento.Pois este é que,verdadeiramente, mata.Quando eu conheço uma coisa,quer dizer que a possuo na totalidade.Deixou de ser o que era( não se sabia o quê), para passar a ser o que é( que eu conheço).Logo é minha "propriedade". Perdeu o seu Ser e por mim foi absorvido.Doravante vive comigo!E não se exprime sem mim.De mim tornou-se dependente.Conquistei-o.É meu!

Passa-se o mesmo com as relações humanas.A partir do momento em que me dou na totalidade a alguém,exactamente a partir desse momento,deixo de lhe suscitar interesse.Porque em mim, esse alguém, nada mais tem a conquistar!Conhece-me na totalidade.Para quê esforçar-se mais se já o conheço,se já o tenho!

Daí, caro Darwin,a importãncia da preservação do nosso eu,que, de facto, é a única coisa que vamos tendo, como verdadeiramente nosso!

Portanto deixa-nos estar,no nosso cantinho,não nos queiras conhecer.Para que continuemos a ser " interessantes".

Epicuro!

27/9/05 6:42 PM  
Blogger Darwin

Pô, então eu estou em desvantagem, vocês já sabem o meu nome, minha idade, e outros detalhes.
Mas esses são detalhes bestas não é mesmo? Na verdade estamos todos correndo o risco de sermos conquistados uns pelos outros, através dessas palavras que são bastante reveladoras do nosso "eu".
É bastante cruel essa tal perda de interesse por algo já conquistado, não sei se é assim que funciona.
Prefiro acreditar que é impossível tal conquista.

27/9/05 9:51 PM  
Blogger Trunkael

Hey, você pode saber bastante sobre nós, é só procurar nosso nome na internet e não se assustar com nossa idade (eu devo ter uns 2485 anos! =)

28/9/05 2:43 PM  

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