06 dezembro 2005

agora sentimental

É, ele tinha medo da solidão, assim como do escuro. Tudo o que ele queria no seu estado débil, paralisado, era que percebessem que se partissem ele choraria mais. Estava débil, paralisado, não conseguia falar, implorava com os olhos para que não o deixassem ali, sozinho, no escuro, com sua imaginação.
Ora, ele sim sabia, ninguém mais, quanto foi doído a solidão, aquele desespero de quem percebe com a maior nitidez do mundo que não há pra onde correr, não tem a quem abraçar. E ele sabia que deixava marcas no corpo, o debater-se em convulsões. Gritar não adiantava. Rezar? Até rezou. Mas adivinha.
Não, ele não queria sentir denovo. Implorava com os olhos, não sabia falar. Chorava.