24 janeiro 2006

Função, propósito

Deve fazer parte da nossa natureza, quero dizer da minha natureza, esse negócio de achar que tudo o que existe tem que ter uma função, um propósito.
Aquela máquina, o que faz? Ela produz, é top de linha, e está trabalhando com cem por cento da capacidade. Oh, isso chega a me alegrar, não por estar produzindo isso ou aquilo, mas por estar funcionando, cem por cento, cumprindo seu papel, dá gosto de ver.
Olha aquele pássaro, conhece? Ah, o canto dele é muito bonito, e olha só as cores, que bonitas. Até que me agrada, nem vou matá-lo com estilingue.
Aquele cara, o que faz? Ele trabalha durante metade do dia, doze horas, estuda para seu aprimoramento profissional, seis horas, e descansa. Ele já executa seu trabalho com tamanha habilidade que parece uma máquina. Então ele cria condições para suprir necessidades vitais, alimentar vícios.
Isso me daria gosto de ver, se o cara fosse um robô.
Quando se trata de seres humanos a coisa complica. Algo me diz que seres humanos merecem mais, muito mais que televisões, carros, roupas, comidas, orgasmos. Merecemos paz, felicidade, etc, etc. Então eu sento, abaixo a cabeça, e penso "Por que eu vim pra cá? Pra quê eu vim pra cá?", o tão debochado "sentido da vida" rí da minha cara.
Só o que preciso fazer é mudar minha natureza e parar de pensar que tudo tem que ter um propósito, esquecer essa lógica. Então atingir a paz com sonecas em fins de semanas, a felicidade com amigos e cervejas.

1 Comments:

Blogger Darwin

Bem...Se vc voltou aqui, pode voltar sempre.
Conceriano sim.

26/1/06 7:11 PM  

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