24 julho 2006

Auto-ajuda? Na verdade sim

Tinha um cara doente, um chato. Era a conclusão a que a maioria chegava, depois de algum contato. Afinal, não pode ser saudável uma pessoa que questiona tudo, que quer saber o significado de cada uma das palavras de uma frase dita, e que questiona tudo, deixa as pessoas confusas. Alguém que dá demasiada atenção àquilo que dizem só por dizer. Só faltava questionar o "bom dia", o "obrigado", vontade ele tinha, mas se continha. Muitas vezes, sem querer, lhe faltava atenção para os assuntos "sudáveis". Acontece que não se interessava por tabela de campeonato de futebol, nem por catálogos de acessórios para carros, nem por moda, nem por "fazer a inscrição na FATEC", nem pelos planos cartesianos, nem pelos dados estatísticos, nem pelo jornal nacional, nem por Nietzsche, nem por Platão, nem por Allan Kardec, nem pela opinião de seu chefe, nem pelos sentimentos de seus pais, nem pela fome mundial. Pelo que se interessava então? Aí é que está. Não se sabe ao certo. O que se sabe é que o desinteresse pelas coisas "saudáveis" não era natural, era quase que imposto por ele mesmo, o que sugere a falta de saúde. Todos viam que ele havia escolhido um caminho difícil de trilhar, por teimosia. E a maioria das pessoas não gostam dos teimosos, esses que vêm querendo mudar a nossa opinião, e mostrando a "inutilidade" do nosso jeito de viver, dizendo que isso e aquilo são ilusões.
Se aquele cara aceitasse um conselho meu, eu diria pra ele escolher outra ilusão, sim, outra ilusão. Diria que ele está sendo vítima dele mesmo. Que um filósofo implantado na sua cabeça o faz procurar por uma verdade que nunca será encontrada. E que o jeito de viver que ele escolheu o está isolando, o está deprimindo. Diria pra ele aceitar que enquanto estiver dentro de um corpo necessitará de prazer para conseguir levar a vida sem muita dificuldade. E diria que sim, o nosso ego é horrível, e, talvez, nascer denovo não resolveria nada. Diria pra ele relaxar, e ouvir aquelas músicas que gostamos tanto, e viajar, conversar com estranhos, andar na multidão, trabalhar, não prometer nada pra ninguém. E o conselho mais importante: impor a si mesmo que não sabe o que quer, por mais que pareça grande o querer. É isso. Se ele não aceitar meus conselhos, tente você, talvez ele já não confie em mim.

1 Comments:

Blogger Helen Carolina

Eu gostei , que ele acate os seus conselhos. bjo grande

27/7/06 3:41 PM  

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