31 dezembro 2006

sobre vontade de poder

Eu sei, eu sei, trinta e um de dezembro. O clima sugere, globalmente, um tipo bem específico de post. Mas prefiro falar sobre outras banalidades.
"Não amamos uma pessoa, e sim os sentimentos causados pelo relacionamento com aquela pessoa".
Muitas pessoas devem ter tido, independentemente, esse pensamento. Não me abalei quando vi que também Nietzsche pensava algo parecido.
Parece que pensamentos dessa linha levam o pensador a um inevitável desespero. Talvez o ápice da desesperança se alcance ao descobrir que o mais sagrado e bem visto dos sentimentos é na verdade um sentimento egoísta.
Foi capaz de compreender a gravidade da situação? O amor ao próximo é uma ilusão, ou melhor, uma máscara, que cobre um amor egoísta, amor por si próprio. A pessoa que dizemos amar, é na verdade um objeto do nosso egoísmo. Terrível não?
Pra quem vê no amor, puro e desinteressado, o único pretexto para viver, como fica depois desse argumento?
Isso pode parecer extremista, ou melhor, já é quase 2007, e isso não deveria ser novidade, ou motivo de desespero. Na verdade, se sairmos por aí comentando sobre pensamentos como esses, facilmente encontraremos pessoas que se mostrarão imunes a eles, menosprezarão o desespero, e dirão num tom sabichão "viva a vida".
Isso é o que dá querer saber da verdade. Talvez, num futuro não muito distante, procuradores da verdade sejam classificados como pouco-evoluidos.
Dedico bastante tempo procurando um argumento, um exemplo de que o amor "utópico", aquele puro e desinteressado, existe. O melhor exemplo que consegui não chegou nem perto de provar sua existência.
Veja, "Executar, espontâneamente, uma, conceituada, boa ação"

Primeira questão: Alguém é capaz de fazer isso?

Acredito que sim, às vezes vejo isso acontecer, mas sem saber da natureza da motivação do executante.

Segunda questão: Após executada, qual a reação do executante?

Se o executante não sentir a necessidade de que sua identidade seja reconhecida, o suposto objetivo puramente egoísta perde força, mas não descarta totalmente a natureza egoísta da boa ação.

Terceira questão: Que sentimentos se manifestaram no
executante?

Bem, acredito que permanecendo no anonimato, muitas pessoas não sentirão nada em relação à boa ação, a não ser a vontade de revelar a identidade do autor, o que sugere a natureza egoísta.
Haverá, no entanto, pessoas que sentirão um bom sentimento, um sentimento de realização, não se importarão com reconhecimento ou gratidão. Esse sentimento poderia ser considerado apressadamente como o verdadeiro amor com o próximo.
Nietzsche diria que é mais um caso da manifestação da vontade de poder. E teria argumentos fortíssimos.
O argumento seria mais ou menos assim: Depois de executada a boa ação, o próprio executante é a testemunha de seu egoísmo. Encurtando, a boa ação não foi, essencialmente, dirigida ao próximo. Ela somente foi executada para satisfazer ideais próprios do, e somente do, executante. O amor não se manifestou?!

Na verdade, pra mim, a grande questão é: O que é o amor?

28 dezembro 2006

O que eu quero

Ah, agorinha é um momento em que eu queria que alguém fizesse aquela pergunta horrível "O que você quer?". Pergunta essa se referindo a exclusiva e absolutamente o que é que eu quero, naquelo exato momento. E o que torna a pergunta horrível é que vale tudo, como resposta. Posso querer desde o "amor da minha vida" até "algo para comer", em todos os sentidos. Horrível. Mas como eu ia dizendo, nesse momento eu teria uma resposta, não muito horrível, porque nesse exato momento eu gostaria mesmo é de ter aqui nas minhas mãos uma lista de autores, uns quatro pra começar, de livros conforme a minha resposta à pergunta "O que eu quero? Quero indicações de leituras que, baseado num cuidadoso e minucioso conhecimento sobre minha pessoa e meus gostos, se tenha certeza de que eu lerei, e sentirei um prazer tão grande que ficarei animado e empolgado, ao mesmo tempo."
É querer demais?