31 janeiro 2006

Reálite Chôu

[tarde] Se deu conta, dos três filhos e do marido violento.

29 janeiro 2006

Em vão

Lamentou , insatisfeito com seu corpo.

24 janeiro 2006

Função, propósito

Deve fazer parte da nossa natureza, quero dizer da minha natureza, esse negócio de achar que tudo o que existe tem que ter uma função, um propósito.
Aquela máquina, o que faz? Ela produz, é top de linha, e está trabalhando com cem por cento da capacidade. Oh, isso chega a me alegrar, não por estar produzindo isso ou aquilo, mas por estar funcionando, cem por cento, cumprindo seu papel, dá gosto de ver.
Olha aquele pássaro, conhece? Ah, o canto dele é muito bonito, e olha só as cores, que bonitas. Até que me agrada, nem vou matá-lo com estilingue.
Aquele cara, o que faz? Ele trabalha durante metade do dia, doze horas, estuda para seu aprimoramento profissional, seis horas, e descansa. Ele já executa seu trabalho com tamanha habilidade que parece uma máquina. Então ele cria condições para suprir necessidades vitais, alimentar vícios.
Isso me daria gosto de ver, se o cara fosse um robô.
Quando se trata de seres humanos a coisa complica. Algo me diz que seres humanos merecem mais, muito mais que televisões, carros, roupas, comidas, orgasmos. Merecemos paz, felicidade, etc, etc. Então eu sento, abaixo a cabeça, e penso "Por que eu vim pra cá? Pra quê eu vim pra cá?", o tão debochado "sentido da vida" rí da minha cara.
Só o que preciso fazer é mudar minha natureza e parar de pensar que tudo tem que ter um propósito, esquecer essa lógica. Então atingir a paz com sonecas em fins de semanas, a felicidade com amigos e cervejas.

22 janeiro 2006

de mais

É, é, mudei o blog denovo, mas não pense que meu caráter é tão instável quanto ele. Quando eu acho que tá uma merda eu mudo. Espero que pra melhor. Mas isso é o de menos. E o que é o de mais?

Levei um susto esses dias, reparei que nada consegue me divertir, há alguns anos. Procurei a causa. Nos momentos próprios para sorrisos e risadas o que fazia eu?

19 janeiro 2006

Algo me diz

Algo me diz que cento e vinte cinco metros quadrados de chão com sala, quartos, cozinha, banheiro não me valem a pena. Mostra supermercados, água que sai de torneiras na altura das mãos, energia que flui por tomadas, telefones, e diz "olha tudo isso. É por isso que as pessoas trabalham". Diz que o trabalho humilha, cita exemplos. Mostra famílias que fingem alegria, que vivem por possuir amontoados de moléculas, e diz "tenha pessoas que precisem de você, ou acaba se matando".

11 janeiro 2006

Olá, pessoas. Num cyber estou eu matando a saudade deste lugar aqui. O cyber está numa cidade onde já morei. Estou passando por lugares onde já passei há uns seis anos. As coisas mudam, as linhas de ônibus mudam. Se eu não estivesse sozinho, talvez essas mudanças não me assustariam tanto. Tenho quinze minutos, quatorze.
Sabe, não é muito legal ficar relembrando o passado, ficar comparando com o presente. Saudade, remorso me enchem o saco. As coisas parecem tão diferentes, elas vinham mudando lentamente ao longo dos anos. Hoje, o contraste entre o mundo da minha infância e o mundo de agora é assustador. Antes tivesse mudado pra melhor, o mundo. Não, não foi o mundo que mudou, fui eu que mudei. Hoje percebo o desespero das pessoas diante do futuro incerto, alimento incerto. As pessoas só reclamam, de tudo.
Cinco minutos agora. Como demoro de escrever. E ainda sai isso.
Coisa que estou quase aprendendo é não ter muita dó das pessoas. Mas o responsável por todo sofrimento, deste aí estou quase com ódio.

04 janeiro 2006

perdão ou vingança, tristeza

Vê-se na vingança a solução para um aparente desequilíbrio, acha-se que através dela a justiça é alimentada. Defendemos tanto a justiça, que me parece ser embasada no "olho por olho, dente por dente".
Acontece todos os dias. Aquele cara estuprou, então, através de uma fórmula matemática, os juízes determinam uma pena, a sociedade vinga-se dele, tiram-lhe a liberdade física. Patéticos procedimentos que não melhoram nada, para a vítima. A sociedade, se verá livre de um potencial estuprador por uma quantidade finita de tempo. Tentarão corrigir o infrator, mas não se esforçarão o bastante.
A vítima. Ela terá de escolher então, perdão ou vingança, não acho que indiferença seja possível. Num ápice de ódio ela desejará a morte do infrator. Depois perceberá que a morte dele não reparará a dor. FIcará então confusa, perceberá que não existe justiça, não nesse mundo. Depois que o tempo que transforma tudo, passar, ela perceberá que somente o que ela pode fazer é perdoar.
Mas o que será o perdão? Ausência de ódio? Não sei.
O ódio já não existe na vítima, existe a tristeza, ao olhar para as cicatrizes. Perdão ou vingança já não importam. De certa forma ela se vingou, já que viverá como se o estuprador estivesse morto. Ela também não sabe o que é perdoar. Mas ela vê as cicatrizes, e sente tristeza.

02 janeiro 2006

desânimo, planos

Sou um maldito desanimado, e tenho o poder de desanimar as pessoas.
Hoje sei como evitar a transmissão da minha doença, basta um pouco de hipocrisia, que só consigo usar com desconhecidos.
Com meus conhecidos eu fico calado, procuro evitar o afastamento deles, eles e sua incrível capacidade de sentir alegria.
Há pessoas que viram minha doença, e ,talvez por curiosidade, arriscaram uma conversa. Foram contaminadas logo. Falaram de seus planos, eu ouvi e falei naturalmente coisas do tipo "pra quê? valoriza isso? onde vai chegar? acha que vai dar certo? e depois?". Acho que a culpa não foi minha, elas é que deveriam ter mais confiança naquilo que querem.
Procuro cura pro meu desânimo, acho que estou próximo de achar. Planejo coisas, mas não tenho muita confiança, já que planejei sozinho, e não tenho muita experiência de vida. Estou me arriscando pra caramba, a probabilidade de horrível fracasso me parece alta. Só o que me encoraja é aquele negócio de "Não há por que temer, essa vida vai acabar". Ah, espero não encontrar um maldito desanimado que me faça desistir.